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sábado, 28 de diciembre de 2019

Proclamação patriarcal para o Natal 2019


† BARTOLOMEU
PELA MISERICÓRDIA DE DEUS, ARCEBISPO DE CONSTANTINOPLA - NOVA-ROMA E PATRIARCA ECUMÊNICO
À PLENITUDE DA IGREJA,
A GRAÇA, A MISERICÓRDIA E A PAZ DE CRISTO, O SALVADOR RECÉM-NASCIDO EM BELÉM.
QUERIDOS IRMÃOS E IRMÃS, FLHOS AMADOS NO SENHOR,

Tendo chegado mais uma vez a grande festa da Natividade do Senhor, glorifiquemos com hinos e cânticos espirituais Àquele que se esvaziou por nossa causa e assumiu nossa carne para nos redimir do cativeiro do mal e para abrir-nos as portas do Paraíso para a humanidade. A Igreja de Cristo se alegra ao experimentar liturgicamente todo o mistério da economia divina e recebe uma amostra da glória do Reino escatológico, oferecendo um bom e piedoso testemunho de fé, esperança e amor e no mundo.

O caráter da Igreja, embora «não sendo do mundo», não a isola da realidade histórica e social, mas inspira e fortalece o testemunho. A Igreja, então, sendo sempre referência ao destino eterno do homem, atende às suas necessidades existenciais, derramando, como o bom samaritano, «azeite e vinho» sobre suas feridas, tornando-se o «próximo» para todos aqueles que «que caem em meio aos ladrões» (cf. Lc 10:25-37), curando as «doenças culturais» contemporâneas e iluminando a mente e o coração das pessoas. Como presença do Espírito Santo na vida dos fiéis, espiritualidade significa testemunhar em palavras e obras aquela esperança que há em nós, e que não não tem nada a ver com a introversão estéril. O Espírito Santo é o Doador da vida, a Fonte do bem, o doador de dons, a vida e a luz. O cristão é um ser humano entusiasmado, apaixonado, que ama a Deus e a humanidade, ama a beleza, é ativo e criativo.

O Evangelho da Natividade é novamente ouvido este ano em um ambiente cultural em que o valor supremo é atribuido aos «direitos individuais». O egocentrismo e o engano da autorrealização diminuem a integridade social, enfraquecem o espírito de comunhão e solidariedade e objetificam as relações interpessoais. A ênfase irrestrita na economia e na secularização aprofunda o vácuo existencial e leva à diminuição das forças criativas do homem.

A Igreja não pode ignorar esta conjuntura, cujas consequências atingem diretamente a juventude através do mecanismo encantador da tecnologia e das múltiplas promessas de «falsos paraísos». O Santo e Grande Concílio da Igreja Ortodoxa (Creta, 2016) convidou enfaticamente aos jovens a «estarem cientes de que são portadores e, ao mesmo tempo, são a continuação da antiga e abençoada Tradição da Igreja Ortodoxa», e a participar ativamente na vida da Igreja, a «preservar corajosamente e cultivar dinamicamente os valores eternos da Ortodoxia para transmitir o testemunho vivificante do cristianismo» (Encíclica, § 8–9).

Nesse mesmo espírito, e aderindo a exortação do Santo e Grande Concílio, mas também à luz das recentes eleições e entronizações dos novos Arcebispo da América, Austrália e Thyateira-Grã-Bretanha para as três grandes Eparquias do Trono Ecumênico da Diáspora, declaramos 2020 «o ano de renovação espiritual e devida preocupação com a juventude», convidando todos os nossos clérigos e fiéis a participar e apoiar esse esforço inspirador.

Aspiramos o avanço de um «ministério pastoral dialógico» com criatividade e visão, com fé inabalável na graça eternamente fluente de Deus e confiança no poder da liberdade humana. Este ministério pastoral é centrado nas pessoas e deve afastar os jovens da «busca de seus próprios interesses» e «do prazer em si mesmo» e buscar o amor que «não busca a sí próprio» e «agrade a Deus», que não busca os «bens materiais», mas o «único que é bom»; que não busca necessidades infinitas, mas a «única coisa necessária», contribuindo assim para a promoção dos carismas de todos. Nosso eu verdadeiramente livre nasce do oferecimento.

O fundamento do despertar da consciência cristã segue sendo até os dias de hoje a experiencia e o significado do culto cristão, bem como seu caráter comunitário, eucarístico e escatológico. Os jovens devem reconhecer que a Igreja não é uma «união de cristãos», mas o «Corpo de Cristo». Exortamos a todo clero da Santa e Grande Igreja de Cristo em todo mundo para uma mobilização pastoral «kenótica». Não devemos esperar que nossos jovens venham até nós, mas nós é que devemos ir até eles, não como juízes, mas como amigos, imitando o «bom pastor» que «dá a vida pelas suas ovelhas» (Jo 10:11). Um pastor está sempre atento e vigilante, ciente das necessidades pastorais da juventude e de seu ambiente social para agir em conformidade. Sua intervenção pastoral é inspirada e direcionada pela Tradição da Igreja, que oferece aos jovens não só o apoio, mas a verdadeira liberdade com a qual o Cristo nos libertou (Gl 5:1).

Com esses pensamentos, adoramos devotamente o Santo Menino de Belém e desejamos a todos, do festivo Fanar, um abençoado e santo tempo de Natividade, bem como um Ano Novo frutífero no Senhor, invocando a graça vivificante e a grande Misericórdia de Nosso Salvador, Cristo, que condescendeu com a raça humana, o «Deus conosco».

Natividade de 2019

† BARTOLOMEU de Constantinopla,
Fervoroso suplicante diante de Deus por todos vós.