Muitas pessoas de diferentes origens étnicas e diferentes credos preparam-se para a chegada do Santo Padre, ao mesmo tempo, no nosso mundo, predomina mais a violência que a paz.
“A religião é um fenómeno que tanto pode inspirar confiança, amor, alegria e admiração, como medo, terror, dor e sofrimento. E fá-lo através de narrativas que ou são comoventes ou aterrorizadoras, através de regras que ou são leves ou draconianas, e através de rituais que podem ser agradáveis ou infligir dor ou mesmo a morte”[1].
O Santo Padre, um prelado muito pio da Igreja Católica Romana e Sua Santidade o Patriarca Ecuménico Bartolomeu I de Constantinopla, tomaram uma posição contra a violência simplesmente por serem exemplos de paz e amor.
A Igreja Católica e a Igreja Ortodoxa são consideradas igrejas irmãs e continuam a abraçar-se em amizade procurando a unidade. “Nós, os Ortodoxos, acreditamos firmemente que o objectivo e razão de ser do Movimento Ecuménico e do Concílio Mundial das Igrejas é cumprir a oração final do Senhor, que “todos possam ser um” (Jo 17:21).[2]
“Assim como na Igreja primitiva o sangue dos mártires foi a semente para novos Cristãos, que nos nossos dias o sangue de tantos mártires seja a semente da unidade entre os crentes, um sinal e instrumento de um futuro em comunhão e paz”[3].
As palavras destes dois grandes líderes que viajam pelo mundo na tentativa de encontrar vias de paz estão em completa harmonia.
Esta semana a Igreja Ortodoxa, com muitas outras pessoas que não são católicas, darão as boas-vindas ao Papa de Roma a Fátima. No dia 22 de Maio, 2017, irão iniciar as celebrações do 100.º aniversário das aparições da Bem-Aventurada Virgem Maria e no dia 13 de Maio o Papa Francisco canonizará os videntes Francisco e Jacinta Marto, tornando-os os mais novos não mártires a ser declarados santos.
Francisco, 11 anos, e Jacinta, 10 anos, tornaram-se as mais novas crianças não mártires na história da Igreja a ser beatificadas, quando, no dia 13 de Maio, 2000, no 83.º aniversário da primeira aparição de Nossa Senhora de Fátima, o Papa João Paulo II os proclamou “Beatos”, mostrando oficialmente que crianças muito novas podem tornar-se Santas.
Muitos peregrinos religiosos e não religiosos chegam a Fátima para fortalecer a sua fé, para encontrar a sua via para Cristo. Rezamos para que a canonização de Francisco e Jacinta enquanto novos santos da igreja fortaleça as nossas almas. Como sempre, esperamos pelas amáveis palavras e bênçãos do Papa Francisco. Que Deus conceda ao Papa Francisco muitos anos com saúde no trabalho pela Vinha de Cristo.
Também rezamos para que estas celebrações continuem a trazer paz e alegria ao povo de Portugal.
Arquimandrita Philip Jagnisz,
Vigário de Portugal e Galiza – Patriarcado Ecuménico de Constantinopla
NOTAS
[1]Marian Gh. Simion, PhD, ‘The ambivalence of ritual in violence: Orthodox Christian perspectives
[2]Discurso do Patriarca Bartolomeu ao Concílio Mundial de Igrejas, em Génova, 24 de Abril, 2017
[3]Discurso do Papa Francisco aos Líderes Católicos e Ortodoxos, Cidade do Vaticano, 27 de Janeiro, 2017.