Foi uma mensagem de diálogo e reconciliação que concluiu o Santo e Grande Concílio das Igrejas ortodoxas, realizado em Cretadesde o dia 19 de junho e que terminou nesse domingo com a sagrada liturgia celebrada na igreja de São Pedro e São Paulo em Chania.
A reportagem é de Daniela Sala, publicada no blog da revista Il Regno, 26-06-2016. A tradução é de Moisés Sbardelotto para o site IHU On-line, de onde este artigo é extraído para publicação em ECCLESIA.
Depois do Evangelho, foi lida a “Mensagem do Santo e Grande Concílio da Igreja Ortodoxa ao povo ortodoxos e a todas as pessoas de boa vontade” (1), aprovado nesse sábado pelos cerca de 230 bispos e hierarcas das 10 Igrejas Ortodoxas Autocéfalas participantes, que sintetiza o significado do evento, percebido por todos os participantes como histórico.
Já nesse sábado, encerrando as sessões, o Patriarca Ecumênico Bartolomeu I tinha destacado a alegria e a esperança que nasceram como primeiros frutos do Concílio, apesar de todas as dificuldades e da dor pela falta de participação de quatro Igrejas Autocéfalas, as da Rússia, Geórgia, Bulgária e Antioquia, que, poucos dias antes do início, tinham anunciado que não iriam.
A discussão dos seis documentos “não foi um mar de rosas, mas houve a vontade de todos de resolver as dificuldades com a iluminação do Espírito, que nos guia à concórdia, e essa é a maior contribuição que trazemos à nossa Igreja e a toda a humanidade”. E acrescentou: “Todos juntos escrevemos uma nova página da história e glorificamos a Deus por isso”.
A mensagem final é uma grande apologia do diálogo. Diálogo entre as Igrejas Ortodoxas, acima de tudo, para levar esse testemunho do Evangelho de amor, paz, justiça e reconciliação que sentem como o seu chamado diante dos desafios do mundo de hoje.
Mas também diálogo com as outras Igrejas cristãs, aquele diálogo ecumênico para o qual o Patriarca Ecumênico se consumiu incansavelmente nos seus 25 anos de ministério, porque – disse nesse sábado – “a unidade ortodoxa também serve à causa da unidade dos cristãos”.
E, depois, diálogo inter-religioso: “A explosão do fundamentalismo que vemos em diversas religiões representa uma expressão da religiosidade doente. Um sério diálogo inter-religioso ajuda de modo significativo a promover confiança recíproca, paz e reconciliação”.
Mas o diálogo que a Igreja Ortodoxa quer abrir e que será levado adiante de modo processual com outros Concílios – como já esclareceram – é com o mundo inteiro na história atual, com todos as suas potencialidades, riscos, ilusões, perguntas e respostas. Um processo de diálogo se abre, e – como foi dito na sexta-feira em uma coletiva de imprensa – não é possível prever os seus resultados, mas é um fruto positivo em si mesmo.
As Igrejas ortodoxas entram no terceiro milênio com uma atitude nova e aceitam o desafio de fazer isso permanecendo fiéis à sua tradição. “O Santo e Grande Concílio abriu o nosso horizonte ao mundo na sua variedade e multiplicidade. Enfatizou a nossa responsabilidade no lugar e no momento, sempre com a perspectiva da eternidade. A Igreja Ortodoxa, mantendo intacto o seu caráter sacramental e soteriológico, é sensível à dor, à angústia e à invocação de paz e justiça dos povos do mundo. E ‘proclama, dia após dia, a boa notícia da Sua salvação, anunciando a Sua glória entre as nações e as Suas maravilhas entre todos os povos’ (Salmo 95)”.
Fonte: www.ecclesia.org.br